A força dinâmica do medo
O medo pode ser considerado como uma energia , uma força dinâmica, um impulso a fazer algo - um impulso a escapar ou fugir. A primeira palavra que suscita no homem se assusta se descobre um perigo para seus filhos, seus pais , sua saúde , seus bens , sua tranqüilidade de espírito, sua segurança, sua liberdade etc. Se o propósito do medo é assegurar a sobrevivência, então o medo se manifesta quando está em perigo essa sobrevivência , considerando a sobrevivência não simplesmente em termos de existência física, mas a sobrevivência do eu , a sobrevivência da personalidade. O temor é provocado pela probabilidade de uma perda de amor, perda de bens, perda de saúde , perda de amor-próprio, etc. A maioria das pessoas parece considerar o medo relacionado sempre com acidentes, enfermidades,fome, assaltos, etc. Logicamente , essas coisas são de temor , porém , como causa de medo , na realidade, poucas vezes são encontradas no individuo comum. O medo , de modo geral , provém de uma série de causas diferentes – o medo de desagradar, o medo do ridículo , o medo de ofender, o medo da incompreensão , o medo da desaprovação , o medo de ser criticado, o medo de ser dominado , o medo da solidão . O medo mais extremo que se observa nos indivíduos , o medo que os incapacita totalmente , não por minutos ou horas , mas por meses ou anos, é o “medo de domínio”. Habitualmente se qualifica esse tipo de temor como “medo de perder a personalidade “, perda do livre arbítrio pessoal – a ameaça de domínio por parte de outras pessoas. O individuo ameaçado crê que nunca terá oportunidade para decidir as coisas por se mesmo . Tem que fazer ó que lhe dizem – tem que fazer o que outras pessoas desejam que faça ou esperam que faça , pois temem provocar a desaprovação delas ou ferir seus sentimentos . por uma ou outra razão , se preocupa tanto por fazer o que outras pessoas desejam que faça ,que se crê em perigo de converte-se em um reflexo da personalidade de outros e deixar de existir por direito próprio . Tanto maior é a sabedoria das sugestões que assim lhe assaltam , tanto maior é o seu pânico , pois , se as sugestões lhe rodeiam todo o campo de conduta racional , pode ver-obrigado a seguir uma conduta irracional , uma conduta que ele mesmo desaprova em caso que faça algo por se mesmo. Dessa forma , o medo alcança proporções fantásticas. Se um individuo descobre em si mesmo um impulso á fuga , passa a sentir medo de chegar realmente a fugir, ato que poderia ser considerado como covardia e que conduziria à perda de prestigio perante si mesmo e os demais . Assim se desenvolve o “medo ao medo “. Sentir medo quando há realmente algo a temer , não é prova de covardia . a maioria das pessoas crê que sentir medo é agir como medroso , que sentir uma coisa semelhante a “vontade de fugir “ não é muito diferente de fugir realmente . O medo não impede a valentia . O medo e a coragem se dão as mãos e a crença comum de que os heróis não temem , é errada .A maioria dos atos ousados de heroísmo são realizados freqüentemente por indivíduos em quem o motivo principal da ação é demonstrar a si mesmos e aos demais que “não temem”,ou que “são capazes de vencer o medo “. O medo deve ser aceito como uma vantagem biológica na luta pela sobrevivência . ao sentir medo, o individuo deve admiti-lo :”De fato , tenho medo . E agora? Que é que eu vou fazer com ele? Sim. Tendo medo ,porém, o que faço com ele é o que determina se sou um covarde . não posso impedir de sentir medo , mas posso evitar de ser covarde “. Nunca se esqueça :“Há menos perigo em caminhar para a frente do que em fugir. A fuga mais salutar é a fuga para a frente – O medo transformado em coragem”.